O NOME DO POETA

Tarde ensolarada. O giro da manivela trouxe a música triste típica dos realejos. Bom no tal ofício de dizer o que o futuro nos reserva, o papagaio da casa 3 pôs-se a recordar o tempo de trabalho no realejo da sorte. E foi no meio desse transbordamento de lembrança que Nhô Dedélo deu de esbarrar no livro sobre a mesa. De cócoras, com o livro na mão o homem lê a página:

" E era o que íamos realizar de fazer. Para mim, ele estava sendo o canoeiro mestre, com o remo na mão, no atravessar o rebelo dum rio cheio. – Carece de ter coragem... Carece de ter muita coragem... – eu relembrei."


Grande Sertão: Veredas. O homem esparramado no presente projetou coração adiante: revoada de pássaro, jardineiro-homem semeador de possíveis mundos. Há uma dedicatória no livro: "Para Bruno Cattoni, nosso grande guiador de travessias. Com amor. Vizinhos do Vilarejo".


Nomeado o homem, mira-se no espelho e pensa: a Rua dos Araújos é meu lugar! Existe! É lá! Os moradores da vila sempre souberam quem era o autor daquele fantástico mundo. Em entrevista para o Jornal Informe da Vila o repórter recolheu algumas opiniões sobre a autoria do poema atribuída ao homem-poeta:

- "Porque há uma densidade emotiva e uma inquietação social no poema".

- "Porque a vila sugere um mundo para todos".

- "Porque o poeta costuma desenhar futuros".

- "Porque seus poemas refletem o estar no mundo aqui e agora, em carne e osso, diante das maravilhas e entraves".

- "Porque o Bruno escreve para as amadas".

- "Porque ele costuma dizer que a vida não precisa de heróis, precisa de seres humanos".

Leitores mandaram fotos da Rua dos Araujos.

Um comentário:

  1. caro amigo, belo texto... lirico, amoroso, um olhar macro sobre as vidas do cotidiano... e suas profuindas ligações com a poesia e com o sentimento do mundo, tão presente aqui a a sensaçãodo Rosa. Abraaço poéticofraterno

    ResponderExcluir

achegue-se!