CATEDRAIS DA SERRA

Chovia na escuridão quando a corte dos enamorados
Navegou serra abaixo num escorregador sombrio.
A realeza explosiva dos mananciais e aluviões
Erguia catedrais amarelo-azuladas em cada curva.
Contra o medo, contra as deficiências, contra a dor
Desciam conosco todos os humilhados da Terra.
Abençoados pelo ar rarefeito, refeitos das fobias,
Resplandesciamos com as esperanças e as utopias.

Que exprimir o bárbaro inscrito na pedra onde já secaram as espumas
Seja uma oração às suas feições
De rainha impugnada pelo destino.
Que exortar a luz das deusas que dormem inquietas em cada expressão sua
Seja outra oração que espalhará dúvidas desconcertantes
Nas lavouras absurdas de certezas mal ceifadas.
Que as escolhas irrevogáveis pairadas sobre as vertentes trêmulas da dançarina
Seja o último salmo dos cantochãos virados ao avesso pelas tempestades longínquas
Nos mosteiros de damas de musselina que guardam os segredos das infantas humildes.
Por que tanta vergonha de formatar a face poética nas indústrias e nas sociedades?
Por que gritam as sílfides se não precisam mais da memória para fartar o coração?

3 comentários:

  1. nossa!!
    sem fôlego, isso tá maravilhoso.

    ResponderExcluir
  2. Nossa! Que coisas profundas.
    Ainda sou uma poeta verde...

    beijo

    ResponderExcluir
  3. olá.

    bom mesmo.
    adoro a blogosfera por isso.
    por que é um lugar cheio de janelas maravilhosas e singualres como essa sua.
    realmente muito bom.

    sorte e luz.

    ResponderExcluir

achegue-se!